ICP 1729

Sacrifício de Isaac

A pintura refere-se ao episódio do sacrifício de Isaac por seu pai Abraão e ilustra o momento em que Abraão, com a espada erguida, se preparava para sacrificar o seu filho único, quando é impedido por um anjo (Gn 22, 1-14). O texto bíblico refere que o anjo do Senhor gritou do céu, para que Abraão não fizesse mal algum ao menino, algo que o pintor traduz colocando o mensageiro de Deus a segurar a mão do patriarca bíblico. O episódio pretende dar testemunho da grandiosidade da fé de Abraão que, obedecendo ao pedido de Deus, não hesitou em sacrificar o seu único filho, muito desejado e nascido já na sua velhice. Não permitindo Deus o sacrifício de Isaac, o texto bíblico refere que, em seu lugar, foi sacrificado um carneiro que ali se encontrava, preso pelos chifres a um silvado. Constata-se que a pintura procura seguir o relato, de forma rigorosa. Assim, em primeiro plano, posiciona-se Isaac, ajoelhado diante do altar do sacrifício, onde já se encontra a lenha, apresentando-se com as mãos atadas e a cabeça segura por seu pai, que enverga trajes nobres. O mensageiro do Senhor, que impede a morte de Isaac segurando o braço de Abraão, apresenta-se com vestes coloridas, de asas abertas, em pleno voo e envolvido por nuvens, fazendo alusão ao seu súbito aparecimento e ao caráter transcendente da sua aparição. Ainda em primeiro plano encontra-se o cordeiro do sacrifício ao lado de uma urna fumegante. Os planos posteriores correspondem a uma paisagem de caráter realista composta por floresta, montanhas, um rio, diversas habitações e personagens. Evidencia-se a preocupação do pintor com a representação da perspectiva aérea que torna os últimos planos, afetados pela interposição da atmosfera, com contrastes mais suaves e cores diluídas. Pintura que denota a qualidade do seu autor e os seus conhecimentos técnicos, nomeadamente na representação da figura humana, seus escorços e proporções.